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Abrapso

ANAIS DO XIV ENCONTRO NACIONAL DA ABRAPSO - RESUMO
ISSN 1981-4321

Tema: Poster - Trabalho

CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO TRABALHO DO IPUSP (CPAT): UM CONTEXTO DE FORMAÇÃO

Autor:
MARCELO AFONSO RIBEIRO, LENY SATO - INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USP ANETE SOUZA FARINA - INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USP FABIO DE OLIVEIRA - INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USP FLAVIO RIBEIRO - INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USP TATIANA F. STOCKLER DAS NEVES - INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USP TÂNIA M. F. DE ANDRADE SILVA - INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USP
Introdução. A formação em Psicologia tem sido debatida de forma genérica ao longo de sua história, com maior ênfase em algumas áreas, sendo que a área da Psicologia do Trabalho e das Organizações tem repensado sua formação em função das transformações aceleradas do seu objeto primordial de estudo e de intervenção: o mundo do trabalho e das organizações. Objetivos. O presente trabalho objetiva apresentar o Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho (CPAT), que é um serviço vinculado ao Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo como proposta para o enfrentamento das novas questões trazidas pelo contexto de um mundo em transição. Método. Para tal tarefa, será realizada uma descrição dos princípios, métodos e objetos de estudo e intervenção do CPAT, buscando estabelecer um diálogo entre a área da Psicologia do Trabalho e das Organizações e as demandas do mundo do trabalho e das organizações para pontuar algumas diretrizes de concepção e atuação para o indissociável tripé ensino, pesquisa e extensão. Resultados. O CPAT foi criado em 1985, focaliza temas do mundo do trabalho e dos processos organizativos e tem como objetivos desenvolver pesquisas, realizar projetos de extensão à comunidade e possibilitar atividades de estágio aos alunos de graduação em Psicologia. O enfoque adotado no trato desses temas privilegia a leitura da Psicologia Social, aproximando-se da Psicologia Política, da Psicologia da Saúde e da Psicologia Comunitária, ao entender que a atuação do psicólogo visa promover a dignidade e a emancipação humana e que, em um contexto em transição, a leitura dos processos e relações construídas são mais pertinentes. Por isso, se tem como eixo central a Psicologia Social do Trabalho e das Organizações para o estudo, a pesquisa e a intervenção no mundo do trabalho e das organizações, que busca estabelecer diálogos interdisciplinares com áreas afins como a sociologia, a antropologia, as ciência políticas, a história, a economia e a administração. Nesse sentido, as atividades do CPAT são construídas de acordo com as demandas oriundas da comunidade, dos interesses dos alunos e dos focos temáticos dos projetos do próprio CPAT, numa relação dialogada e construída numa relação psicossocial com o mundo, sendo que o levantamento das demandas e a elaboração de estratégias de pesquisa e intervenção se realiza nessas relações dialogadas e embasadas em teorias e técnicas, consolidadas ou em processo de experimentação, da área da Psicologia Social. A diversidade de projetos é uma característica do CPAT que, atualmente, se divide em quatro grandes eixos: estruturas e processos organizativos; trabalho, desemprego e processos de inclusão social; saúde do trabalhador e novas estruturas de análise e estudo da carreira (entendida como projeto de vida no trabalho), dentro dos quais participam alunos de graduação e pós-graduação, docentes, profissionais e a própria equipe do CPAT, que é composta de três docentes, quatro psicólogos e uma secretária. A partir desses eixos organizativos para a atuação, são estabelecidas as atividades de formação, pesquisa e extensão. No tocante à formação, o CPAT atua como suporte para os estágios das disciplinas obrigatórias e eletivas da grade curricular da graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, divididas em um disciplina obrigatória mais ampla denominada Psicologia Social do Trabalho e das Organizações e quatro disciplinas eletivas que tentam dar conta dos principais eixos da área, que são: Gestão de Pessoas; Psicologia Organizacional; Psicologia, Desemprego e Carreira Profissional - Campo de Investigação e Prática; e Trabalho e Saúde - a Compreensão a partir da Psicologia Social. No contexto das atividades de extensão, desenvolve assessorias e consultorias, serviços e cursos de formação na área de Psicologia do Trabalho e das Organizações, respondendo a demandas feitas por órgãos públicos, empresas, cooperativas autogestionárias, ONGs, organizações comunitárias, sindicatos, movimentos sociais e trabalhadores em situação de desemprego. As principais ações, pautadas pelo diálogo e pela construção de objetivos e estratégias em relação com o contexto demandante, caminham pela análise e pesquisa de clima e cultura organizacionais; desenvolvimento de gestores; planejamento e gestão de carreira; e análise, acompanhamento e/ou elaboração conjunta de projetos de combate ao desemprego, de programas de gestão da diversidade em organizações, de cooperativas, de projetos conjuntos de acompanhamento e atenção psicossocial às pessoas que sofreram acidentes ou doenças no contexto do trabalho; de organização de trabalhadores no local de trabalho e de equipes de formadores em economia solidária. O CPAT privilegia a oferta de cursos voltados para os trabalhadores e que possam fugir da tendência de cursos instrumentais e operacionais para alcançar o patamar da reflexão, da conscientização, da crítica e das possibilidades de intervenção nos contextos do trabalho e das organizações, na tentativa de configurar a área da Psicologia Social do Trabalho e das Organizações enquanto área crítica, ética e envolvida com princípios de emancipação humana a partir do trabalho. A diversidade de projetos na área é uma característica do CPAT, que desenvolve atualmente os seguintes projetos: atuação psicossocial voltada a pessoas em situação de desemprego; diagnóstico e intervenção no contexto da saúde de trabalhadores de órgãos públicos de saúde de São Paulo; condições e repercussões da contratação de pessoas com deficiência; e análise das possibilidades de carreira e inserção no trabalho de pessoas psicóticas e pessoas com deficiência. Finalmente, no tocante à pesquisa, o CPAT tem se dedicado a entender a construção psicossocial, econômica e política do mundo do trabalho e das organizações e a elaborar análises contextuais e estratégias de intervenção, sendo que, atualmente, pesquisa as possibilidades de enfrentamento do desemprego através do levantamento dos meios públicos e privados que oferecem essa modalidade de ajuda na cidade de São Paulo; as profissões que estão sendo extintas pela modernidade (alfaiate, tintureiro, sapateiro, entre outras); as relações e percepções de gênero nos contextos de trabalho, principalmente nas empresas e nas consultorias de recursos humanos; e a análise da carreira das pessoas com deficiência. Como forma de divulgação e consolidação da área, edita, desde 1998, os Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, o qual tem por finalidade a difusão da produção científica na área de Psicologia do Trabalho e das Organizações a partir da leitura da Psicologia Social, compreendida como um campo interdisciplinar. Conclusão. Em um contexto em transição, a constatação de que o mundo e a realidade do trabalho são processuais e dialéticas é condição fundamental e um compromisso para a Psicologia Social do Trabalho e das Organizações, no sentido de reflexão crítica, promoção de concepções e estratégias que possam fornecer subsídios às novas exigências teórico-técnicas e éticas da área no século XXI e formulação de uma proposta de princípios para o futuro. Essa proposta deve se processar através das ações do cotidiano, não somente de uma carta abstrata de princípios, pois o mundo se constrói na reflexão e na ação sobre o mundo e, nesse sentido, o psicólogo tem um papel sociopolítico enorme que deve se manifestar por seus princípios e ações acadêmicas, mas que possam se estender para os âmbitos psicossociais e políticos, sendo todas as três dimensões (ensino, pesquisa e extensão) indissociáveis. Palavras-chave: organização do trabalho; movimentos sociais; desemprego; carreira; saúde ocupacional.
 
 

   
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