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Abrapso

ANAIS DO XIV ENCONTRO NACIONAL DA ABRAPSO - RESUMO
ISSN 1981-4321

Tema: Poster - Outros

PSICOLOGIA, ENDIVIDAMENTO E FINANÇAS PESSOAIS

Autor:
JEAN MARLOS PINHEIRO BORBA - MA
Neste trabalho, buscou-se correlacionar principalmente três áreas de conhecimento, em tese opostas teoricamente: a Psicologia, a Economia e as Finanças. Por outro lado, enquanto uma área de conhecimento que busca compreender o homem e suas relações com ele mesmo, com os outros e com um mundo, a Psicologia, é acima de tudo uma Ciência Social e seu fazer e saberes buscam dar respostas também a problemas contemporâneos, por isso precisa estar atenta ao que ocorre na sociedade. Nesse sentido, discute-se que dentre estes problemas, não tão contemporâneos assim, mas que tem marcado a contemporaneidade está o uso do dinheiro, o endividamento e os impactos destes sobre a as finanças pessoais e a subjetividade. Em termos históricos, desde o momento em que o homem começou a utilizar a mercadoria como valor de troca, e concretizou a prática de escambo que sua relação com o valor monetário e creditício foi se estabelecendo. Reflete-se sobre a maneira como o homem lida com o dinheiro e, como ela é estudada por diferentes abordagens da psicologia, resgantando-se inclusive as contribuições destes estudos para a compreensão do fenômeno. Partiu-se de uma perspectiva sócio-histórica para discutir as relações que o homem foi e está constituindo em seu dia-a-dia, especialmente a forma de ser com e ser para, podendo estar autêntico ou inautêntico em suas relações com a moeda, e com o crédito. O pressuposto de que o homem escolhe as maneiras como se relaciona, como temporaliza, como espacializa e responde por isso, arcando com o peso e responsabilidade de suas escolhas é que sustenta essa reflexão, não se excluindo os aspectos da pressão econômica e social que, paralelo a isso, instalam constante bombardeio de produtos creditícios e financeiros com promessas de minimização de dívidas que acabam por estimular o consumo. Sendo de uma maneira ou de outra, muitas vezes, por não fazer escolher adequadas ao seu bem estar psíquico adoece, sofre e impregna sua subjetividade com traços de angústia, desespero e em alguns casos quando não suporta esse peso, estudos demonstram que escolhe o suicídio, caso dos plantadores de algodão na Índia que ao contraírem dívidas elevadas envenenaram-se com pesticidas. Há de se destacar a forte influência das campanhas das instituições financeiras e de crédito que oferecem diferentes alternativas de consumo e crédito favorecendo ao endividamento e ao descontrole emocional. Em se tratando do dinheiro isso pode se constituir em maneiras de existir preocupada ou sintonizada, visto que se não houver uma relação sadia, o homem pode ser tornar escravo dessa relação. No trabalho apresentam-se resultados de reflexões, vivências e revisão de literatura sobre psicologia financeira e psicologia econômica, endividamento, da oferta de crédito, finanças pessoais, processo de angústia enfrentado pelo homem preferencialmente os impactos destes sobre a sua subjetividade. Discutem-se aspectos econômicos e sociais que justificam a relação do homem com o dinheiro e com o crédito, bem como discute-se a emergência de estudos na áreas de finanças pessoais, finanças comportamentais, psicologia econômica e educação financeira financeira. Anteriormente na literatura financeira não se percebia estudos focados para as pessoas físicas, mas preferencialmente para as organizações, todavia foram os estudos sobre decisões de investimento e comportamento do investidor que incitaram a ampliação de estudos voltados para as finanças pessoais, para o controle emocional, propensão ao consumo e a aversão à perda. Todos estes estudos dão ênfase a questão da decisão do ponto de vista da relação entre perda, ganho e investimentos. Nesse contexto. faz-se referências aos mecanismos e estratégias utilizados pelas organizações financeiras, comerciais e creditícias para incentivar o consumo, o uso do crédito e consequentemente o endividamento. Apontam-se possíveis características que denotam o tipo de relacionamento do homem com o dinheiro e com o crédito, bem como o perfil de um consumidor endividado, dentre elas está o consumismo e a tomada de crédito. Elencam-se as principais contribuições da psicologia social, da psicologia econômica e das finanças comportamentais e dos estudos sobre educação financeira para a compreensão dos impactos sociais e psicológicos resultantes do acúmulo de dívidas. Há necessidade que nas escolas do país sejam inseridos conteúdos que informem as crianças e aos adolescentes como eles devem se relacionar com o dinheiro e com o crédito, há ações isoladas, mas ainda não efetivas. As tecnologias e as suas diversas variações como por exemplo: máquinas de jogos eletrônicos, celulares, mp3 e outras são instrumentos utilizados para descapitalizar as pessoas e angariar recursos, visto que a lógica utilizada é a bancária: relação entre saldo e crédito, por isso são necessárias ações para clarificar as crianças e aos jovens qual o alcance destes mecanismos e a importância que elas, desde cedo, tenham comportamento conscientes quanto ao gasto e a poupança. Os principais características e atitudes frente ao uso do dinheiro e do crédito que caracterizam o endividado são discutidas e apresentadas. Sistematizam-se as bases teóricas das finanças pessoais, finanças comportamentais, psicologia econômica e psicologia financeira. O trabalho foi realizado visando abrir possibilidade para que profissionais da área das finanças, economia e psicologia reflitam sobre a possibilidade de realizarem trabalhos interdisciplinares a fim de atenderem a demanda social. Em termos metodológicos a utilizou-se na pesquisa a abordagem qualitativa, apoiando-se na perspectiva sócio-histórica e no método da análise de conteúdo para interpretar as fontes obtidas em meio impresso e virtual. Os resultados indicam que a maior parte dos estudos sobre Psicologia Econômica tem origem internacional, apesar de já se encontrar referências no Brasil que tratem do assunto, dentre elas uma psicóloga e pesquisadora brasileira, na mesma linha estão os estudos sobre Finanças Comportamentais e Educação Financeira que tem sido conduzidos por profissionais da administração, contabilidade e economia. Dentre alguns dos estudos encontrados até o presente momento estão os trabalhos de: Ferreira (2007), Moura (s.d), Castro Junior e Famá (2002), Milanez (2004), Marcon et al (s.d), Novarese (2002/2003). Por fim, ratifica-se a necessidade de que os profissionais da psicologia, da economia e das finanças utilizem o seu saber e fazer para auxiliar o homem a relacionar-se de forma adequada com o elemento dinheiro e o crédito preservando a sua subjetividade, assim como influenciarem instituições educacionais a implantarem programas de educação financeira no âmbito de suas propostas educativas. E ainda que a Psicologia em especial, como área que se propõe a estudar o homem e os fenômenos psicológicos relacionados as suas relações com o homem, com o mundo e com o meio social possa ampliar seu foco de investigação e atuação.
 
 

   
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